As vezes até continua...
No capítulo anterior...
- Ruivo, chegou uma mulher aqui com bebida e pizza. É sua mãe?
- Larga de brincadeira. Quem é que inventou de chegar essa hora?
- Não sei, mas é gostosa.
Disse isso e deu de costas para a misteriosa recém-chegada. Esta, sem cerimônia alguma, cumprimentou com um aceno seu anfitrião e sentou-se numa poltrona de frente para os dois jovens.
- Tenho um recado pra vocês.
Iniciou-se assim a entrevista.
- A despeito dos seus modos, o meu chefe demonstra-lhes grande simpatia. Mandou-lhes esse mimo e uma proposta.
- Qual a proposta? respondeu prontamente Ruivo.
- E quem é seu chefe? interrogou Fred fazendo pouco esforço para esconder sua curiosidade.
A loira sorriu para os dois.
- Meu chefe prefere permanecer no anonimato. Vamos a proposta.
- Não é bem assim que a banda vai tocar não, moça. É melhor se identificar e...
- Como eu ia dizendo, prosseguia ela indiferente a Fred (este cada vez mais nervoso), a proposta consiste num serviço bem simples. Nada que vocês não conheçam bem. Só um transporte de carga que...
- Que carga? Voltava fred a interromper.
- Cale-se Fred, deixe-a falar.
Sempre que Ruivo pedia a atenção as pessoas atendiam. Mesmo quando essa atenção não era requerida pra si próprio.
- Obrigado, vocês só terão que levar a carga até uma fazenda nos arredores da cidade. Aqui está um mapa de como se chegar ao local. Meu chefe paga a metade do preço de mercado.
Quando alguém brincava com dinheiro tinha imediatamente a oportunidade de conhecer a fúria de Fred.
- Que tipo de brincadeira é essa?
- Não sejam estúpidos. A viagem é curta, o risco mínimo e ninguém mais dará serviço pra vocês depois do incidente com o carro do barão.
- Foi um acidente. A gente não podia saber que tinha um cana escondido na mala.
- Não é nosso problema. A metade do dinheiro está aqui. Dá até pra pagar uma faxineira pra dar um jeito nesse lixo. O que me dizem?
- Ora, sua vaca...
- Quem você chamou de vaca? Perguntou a loira, tirando uma arma da bolsa num movimento pouco sutil porém muito rápido.
Fred precisou de poucos segundos para, num movimento ainda mais rápido, tomar-lhe a arma.
- Sai daqui, vadia. Não fala mais nada. Estou avisando!
Ruivo parecia assistir um diálogo de apaixonados, visto a sua tranquilidade. Acendeu um cigarro.
- Você sabe com quem está falando? meu chefe vai....
O sangue da mulher escorria por toda a poltrona, foram seis tiros cujo barulho o silenciador não deixou se fazer ouvido.
- E agora, Miss Simpatia? Continuamos sem dinheiro por sua causa. E ainda temos que nos livrar desse corpo.
- Temos metade do dinheiro que ela ia pagar pra gente.
Disse isso e cuspiu em cima do cadáver quente.
- Deixa eu ir me lavar, o sangue dessa vadia fede.
- É. Temos dinheiro. E o que você vai dizer quando o chefe dela mandar alguém nos visitar novamente?