A SAGA DE FRED E RUIVO
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Comente (isso se essa mídia feroz ainda não acabou com todos os seus neurônios):
- Olha, a verdade é que não estou nem aí pra este disco. Sempre achei Tim Maia um lixo.
- Não importa, Fred, já que viemos até tão longe não voltaremos de mãos vazias.
- Tá bom, hehe.
- Será que o cara aceita devolução de alguns discos?
- Aí eu já não sei.
De volta ao prédio, os heróis de lá ele não encontram a loja aberta.
- É, Fred, parece que teremos que voltar aos velhos tempos de ladrão.
- Fale por você, nunca roubei sequer um barbeador. Que história é essa?
- Bem, foi muito antes de você me conhecer, foi assim...
Ruivo começa a contar uma longa história
Comente (isso se essa mídia feroz ainda não acabou com todos os seus neurônios):
NÃO ERA UM VALE?
Umas das Violetas Violentas chega perto de Ruivo e lhe dá um papel impresso.
-Que diabos é isso?
-Um vale.
-Como assim um vale?
-Esse é o famoso Vale da Violetas Violentas.
-ah, é essa merda?
-Sim, com essa merdinha você pode comprar qualquer coisa dentro desse prédio.
-Sério?
-Sim, qualquer coisa.
-ah, massa!Olha, a próxima luta.
Em cima do ringue o juiz diz:
-De um lado a poderosa Perereca azul do Sri-lanka e do outro o Bacalhau de Sintra, com seu já famoso golpe da chave de pernas.
A pauleira começa, saca aqueles programas de luta livre antigos? aquilo ali, com voadoras de mentira, roupas colantes e todos aqueles lances. Daí o golpe final:
Bacalhau de Sintra dá uma voadora gigantesca e cai sobre o ombro de Perereca, com o mal cheiro que exala do meio de suas pernas, perereca cai abatida.
-É, vamos lá Fred, gastar esse vale.
Voltam para a loja de disco e pedem:
-O que posso comprar com esse vale?
-Rapá, 666 vinis.
-Nossa, isso vai demorar.
Pegam a discografia completa dos beatles mais uns piratas, também a de zappa, velvet, rolling stones, the who, sergio malandro, Aracy de Almeida, Paulo Dinis, Gretchen e vários outros.
Saem da loja com um carrinho que ganhou de brinde para levar os discos e chamam um taxi:
Fred, diz:
-putz, nessa brincadeira esquecemos de comprar os racionais de tim maia.
-Merda, e num é que foi.
Fred diz para o taxista:
-Olha o retorno, olha o retorno.
Comente (isso se essa mídia feroz ainda não acabou com todos os seus neurônios):
O RETORNO A PUTA QUE PARIU
Então o holograma abriu um portal (fudeu, agora vou esculhambar mesmo), Ruivo e Fred passaram por este e saíram na porta do armário de Ruivo.
- Puxa, nunca pensei que ia gostar tanto de ver o seu apartamento, Ruivo,
- Você quase não sai daqui, desgraçado.
...
- Estive pensando cara...
- Lá vem merda.
- É o seguinte, como vamos chegar nesse tal vale das violetas?
- Fácil, já to dando um jeito.
- Sentado na frente do pc?
- Sim, vou pedir informação no mirc.
...
- Consegui, Fred, vamos lá.
- Ei, cara. Não vai mais raciocinar sobre nada não? Vamos arriscar nossas genitálias por um vinil de Tim Maia? Que babaquice é essa? Por que não desistimos agora que estamos de volta ao seu apartamento?
- Porque eu deixei minha palavra.
- Ah, agora quer deixar os testiculos...
- Cale-se, Fred. Vamos.
- Olha meu amigo, esta odisséia, epopéia, prosopopéia, vanderleia ou seja lá o que for está me cansando. Não vou andar pra lugar algum.
- Fique tranquilo. Já chamei um taxi, vamos.
Os heróis de Lá Ele ("nossos heróis" tá defasado) entram no taxi.
- Puta que Pariu, por favor.
- Não era vale das violetas?
- Vale das violetas fica nesse prédio pra onde a gente tá indo.
- Um vale dentro de um prédio?
- Você vai entender. Aproveite a viagem.
O taxi para do outro lado da rua. Eles descem.
- Caralho, como você aceitou pagar 60 reais pra atravessar a rua?
- Pow, primeiro que eu não sabia que esta merda ficava na frente da minha casa. Segundo que tô pondo tudo na conta de Danielvis, já que foi ele que inventou essa viagem.
- Ok, o lugar é este? Sim.
Ruivo e Fred entram na maior loja de discos que eles jamais imaginaram existir no Bairro das Lisérgicas.
- Putz, isso aqui é fantástico. Olha um exemplar do Marque Moon. Quanto custa isso, cara?
- 90 reais.
- Porra, cara. Num vinil? Vai a merda.
- Posso fazer nada, venho de um planeta onde as pessoas podem pagar pelos discos qualquer quantia que as gravadoras pedirem.
- Pow, do caralho. E, reparando bem, agora que percebi que você é parecido com aquele ET que beija a Ellen Roche no comercial da Skol.
- Eu sou aquele ET. ¬¬
- Pow, mó legal, aí. Dá um autógrafo?
- Claro.
- Foi legal beijar aquela gostosa, assume.
- Pow, claro. Foda foi gravar tendo que escutar Mariah Carey.
Todos dão uma risada forçada estilo final de Thundercats.
- Pow, cara mó legal, Ruivo. E aí, vamos no vale?
- Sim, fica no menos décimo andar.
- Menos décimo?
- Não discuta. É mais uma excentricidade dos criadores disso.
Eles pegam o elevador que os deixa no menos oitavo andar.
- Ruivo, essa bosta não desce mais. E aqui não tem nada além de duas pás. Não me diga que vamos ter que cavar.
- Biduzão...
Eles cavam um túnel enorme... O esforço dura apenas 2 horas mas dá tempo pras barbas de ambos crescerem. Quando Fred já estava injuriado de tanto cavar, ele olha pra Ruivo e diz:
- Desgraça, estou injuriado de tanto cavar.
....
Ruivo se vê obrigado a cavar em meio a uma crise de risos. Pouco depois eles encontram uma porta. Fred a põe abaixo com um pontapé.
- Por que fez isso?
- Sempre tiver vontade. Só você que pode, fortão?
- Tá ok. Mas aqui não é lugar pra estrelismos. Essas mulheres são perigosas e o lugar é barra pesada.
- Porra, foi mal. Não tinha pensado nisso.
Eles se viram. Um ambiente estranho. Na verdade um bar quase comum, exceto pelo ringue de vale-tudo onde mulheres seminuas lutam. Um japonês conta maços de dinheiro num canto. A garçonete se aproxima dos dois.
- Tem mesa reservada?
- Não. responde Ruivo.
- Tudo bem, não fazemos reservas aqui mesmo haha
- Ok, me traga algo pra beber. E quem é aquele japa ali?
- O coreógrafo de Matrix, contratamos ele pra tornar a luta das meninas mais acrobática. Parece que o público já não apreciava mais as unhadas e puxões de cabelo...
- Algo me diz que vamos ter problemas por aqui, Fred...
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O VALE DAS VIOLETAS VIOLENTAS
-Vocês tem que ir até o Vale das Violetas Violentas e roubar delas os dois vinis (plural de vinil é assim, Pasquale Cipro Netos de plantão?)
Racional de Tim Maia, mas com um porém, o vinil tem que chegar em minhas mãos sem um arranhão.chegando aqui com os discos, dou a vocês em troca um Todos os olhos de Tom zé autografado pelo Próprio. O que acham da missão?
-dificil mesmo vai ser conseguir te dar os discos. Eu adoro aquela porra, já baixei na net.
-Pior que é - diz Ruivo.
-Então eu dou para vocês em troca o Tom zé e um pogobol novinho.
-Ih, demorou, eu adorava pogobol - se empolga (ih, que trocadilho infame, esse eu já fazia na década de oitenta mesmo, ehehhe).
_Troca aceita. Vamos trazer o disco para você. Mas o que é o Vale das Violetas Violentas?
-O lar das mulheres mas casca grossa desse universo que esses dois loucos estão criando (Danielvis, seu criado, e El Noob ,seu...bom aí você acerta com ele mesmo, eheheh).
-Casca grossa? Como assim casca grossa?
-Coladoras da velcro.
-Hein?
-Lambedoras de carpete?
-?
-Saca Sharon Stone em Instinto Selvagem? Um pouco mais lébica e mais sacana, misturada com A Noiva em Kill Bill e feias como a noiva de Chuck (é assim que escreve chuck, professores de inglês de plantão?)
-Legal, então quer dizer que vai rolar um pouquinho de sangue nessa histórinha de merda?
-Talvez. Se elas te pegarem podes crer que vocês só vão conseguir mijar sentados depois disso.
-...
-glup!
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Comedores Revolution
- Ei, Ruivo, isso aqui está ficando meio parecido com Matrix, não?
- Cale a boca, idiota. Temos que manter o clime de suspense pra que ninguém deixe de ler.
- Ninguém lê.
- A culpa é sua, não dá pra se interessar por sua vida.
- Ah claro, só porque o meu herói de plantão aqui fatia monstros com uma espada que ele tira sabe-se lá de onde, agora acha que tem uma vida interessantíssimo.
- Sim. Por que? Não gostou?
- Nada, tranquilo. Você que é o sociólogo mesmo.
- ...
10 silenciosos minutos depois...
- Estamos aqui parados olhando um pra cara do outro a quanto tempo?
- 10 minutos, não viu a narração?
- Desculpe, achei que ainda estávamos preocupados em manter o realismo da história.
- Desculpe digo eu, Fred. A verdade é que essa odisséia toda está me cansando. Não aguento mais viver em função de manter o realismo desta história. Isso aqui nem mesmo é uma realidade. Não reparou que nada que nos aconteceu até agora faz sentido? Sinto como se fossemos só personagens saidos da cabeça de algum maluco.
- Putz, nem quero pensar no que esse maluco anda tomando. Mas para de pensar nisso,cara. Filosofia nunca nos levou a nada. Ergue essa cabeça e vamos dar um jeito de sair daqui. Vamos superar isso juntos como fazemos desde a infância.
- Não faz nem um ano que eu te conheço.
- É, eu sei. Sempre quis dizer isso mas nunca tive nenhum grande amigo com quem vivesse grandes epopéias.
- Ah para com isso, Fred. Não, para, por favor... Não chora. Argh! Eu odeio isso.
De repente, uma imagem incorpórea aparece para Ruivo e Fred.
- Você voltou? perguntaram os dois ao mesmo tempo. Ruivo empunhando a espada e Fred enxugando as lágrimas.
- Não. Deduzi que ia morrer tragicamente e deixei um holograma programado pra falar com vocês. Sua missão é muito importante. Ouçam com atenção.
Comente (isso se essa mídia feroz ainda não acabou com todos os seus neurônios):
CECI N´EST PA UNE PIPE
A lesma gigante começou a se mover lentamente em direção de Ruivo.
Ele tira uma espada samurai de algum lugar (sabe aqueles lances tipo desenho animado? Que aparece um objeto de lugar nenhum?)Foi assim, algo inesplicável (só explicável quando se analisa a mente dos autores dessa obra).
A lesma solta fogo pela boca, o fogo deixa os cabelos de Ruivo Ainda mais vermelhos. Ela grita:
-Pizza, quero mais pizza! Vocês precisam me dar mais pizza!
Se esquivando das labaredas ruivo parte para cima do monstro, cortando seu corpo em pedaços. Sua destreza com a espada é algo espantosa, algo que aprendeu vendo filmes chineses tardes da noite.
-Pizza, quero mais pizza!
Zap, zap, zap, ruivo vai cortando com paciência o corpo da lesma que um dia foi um velho com um cachimbo.
Os pedaços ficam espalhados por todos os lados. Quando só sobra-lhe a cabeça gritando “pizza, pizza”, Ruivo cuidadosamente corta os pedaços e segura um olho em uma das mãos. Olha para dentro do olho cristalino e vê que lá dentro está o cachimbo do velho. Ao ver isso lembra-se imediatamente do quadro de René Magritte, Ceci n´est pas une pipe, um quadro onde tem pintado um cachimbo e o artista escreveu embaixo “isso não é um cachimbo".Algo que vale para essa realidade onde Ruivo e Fred Vivem. “Isso não é uma realidade". Tudo culpa de cortázar, aquele louco que revolucionou toda a estética do romance moderno.
Ruivo com o olho cristalino com o cachimbo dentro como uma daquelas bolas que os caminhoneiros gostam de colocar na marcha do caminhão pensou “que puta vontade de fumar esse cachimbo”.
Comente (isso se essa mídia feroz ainda não acabou com todos os seus neurônios):
COMO ASSIM?
- Ruivo, você está muito enganado se acha que vou comer isso.
- A gente já tá na merda mesmo. Qual a diferença?
- Nosso roteiro não faz o menor sentido mas não somos Debby e Loyd.
- Está certo. Que faremos então?
- Bem, que tal darmos ao primeiro desabrigado que encontrarmos? Ainda vamos nos sentir generosos.
- Bem pensado, mas como vamos encontrar um aqui?
Andaram por 3 minutos e encontraram um homem. Vestia farrapos e fumava num cachimbo de ouro.
Fred se aproximou.
- É uma pessoa necessitada, meu velho?
- Sim, senhoria. Respondeu o velho com um amigável sorriso. Poucos dentes lhe sobravam. Fred sentiu vontade de vomitar.
- Se passa por dificuldades porque não se desfaz do cachimbo?
- Porque não ficaria com o dinheiro pelo resto da vida.
- Não consigo entender.
- Eu explico, meu jovem. Temos que nos desapegar dos valores materiais. Essa pizza que tens em mãos. Por que não a reparte comigo? Será um longo caminho mas já é um primeiro passo.
Fred, confuso, entregou a pizza. Ruivo, se segurando para não gargalhar, não perdia um único lance.
Comeu, como se fosse o manjar dos Deuses. Se empanturrou e até elogiou o tempero. Arrotou.
- Estou com sono agora. Podem ficar quanto tempo quiserem. Tem cerveja naquele isopor.
- Você tem CERVEJA aqui?
- Sim, tem cerveja em qualquer lugar dessa história.
Enquanto o velho dormia, tomaram cervejas e mais cervejas. Parecia que nunca terminariam as latinhas.
- Ruivo, não olhe agora.
- Tá, por que?
- Não sei explicar. É melhor você olhar.
Ruivo vomitou instantaneamente. O velho metamorfoseava-se numa lesma gigante com olhos espalhados por todo o corpo.
- Acho que agora estamos perdidos, Fred.
- Veja pelo lado bom. Pelo menos não deixei a gente comer a pizza.
Comente (isso se essa mídia feroz ainda não acabou com todos os seus neurônios):